sábado, 9 de julho de 2011

Reflexão em Saúde Ambiental

Os estágios são sempre um ponto forte no término de um curso, independentemente da sua área e actuação.
Neste último estágio senti, em confronto com o primeiro estágio na empresa MCA, que a  fase de adaptação foi um pouco mais longa, a Saúde Pública diferencia-se muito das empresas particulares, não pelo pior mas pela maneira em que tudo se processa.


Neste momento  senti que estava a integrar uma equipa na qual gostaria de trabalhar e aprender um pouco mais, por isso tenho pena de terminar, apesar do contentamento e realização que sinto, não apenas por poder dizer dentro de dias que sou Técnica de Saúde Ambiental como vocês, mas também por ter conseguido atingir o grande objectivo para o qual lutei durante 4 árduos anos.


Estiveram presentes algumas dificuldades, principalmente na gestão de tempo. As publicações do blog, foram talvez o ponto onde mais se notou, gostaria de ter publicado semanalmente, porém vi-me obrigada, por ter sido mãe pela segunda vez, a alterar o plano de publicação incialmente traçado.

Foi uma experiência aliciante, foram abordadas diferentes áreas e diferentes temas, o que me fez considerar muito especial a Sáúde Pública, pela sua vasta abrangência.


Neste momento dá-se inicio a uma etapa que transporta alguns dos meus medos e receios, já não sou aquela jovem que termina o curso com tenra idade e com uma visão alargada do mundo, podendo partir para a aventura.
Espero amadurecer e desempenhar, da melhor forma, funções na área de Saúde Ambiental,  principalmente perto da minha cidade, e para isso vou lutar até conseguir atingir os meus objectivos.

Nunca irei esquecer esta 1ª turma do curso de Saúde Ambiental  de Beja que tanto me ajudou e me deu força para concluir o curso, sendo Trabalhadora-Estudante todos me ampararam sempre que precisei, a Eles o meu Obrigada!
Quero agradecer também aos Coordenadores de Curso e a todos os Professores que sempre lutaram por  nós.
Obrigada!



Acções de Sensibilização

As acções de sensibilização fazem parte do dia-a-dia de um Técnico de Saúde Ambiental. Cabe-nos a nós sensibilizar a população para uma melhor qualidade de Vida/Saúde.
Foram elaborados alguns cartazes com a finalidade de sensibilizar a população mais idosa e até mesmo os funcionários dos lares para uma melhor intervenção na protecção deste grupo de risco, face ás temperaturas elevadas que se avizinham.
Como tal, foram feitas algumas visitas a lares, para uma breve apresentação do cartaz aos responsáveis, facultando toda a informação necessária, promovendo uma maior eficácia na implementação das medidas propostas para a protecção ao calor e esclarecendo-se ainda algumas dúvidas que viessem a surgir.

Através das recomendações adquiridas pela DGS, construiu-se também um folheto: "Como Proteger-se do Calor", desta vez direccionado para a população em geral, mostrando medidas preventivas para não pôr em risco a sua Saúde. Este folheto foi também entregue nos lares visitados.

Na continuidade destas acções e finalizando um estágio em Saúde Ambiental, deslocámo-nos para a ciclovia, em parceria com a Autarquia, com o objectivo de sensibiizar as pessoas para uma actividade fisica activa porém com os devidos cuidados, nomeadamente a ingestão de bastante água, a escolha das horas de menor calor (nunca entre as 11h e as 17h) , a utilização de chapéu , a utilização de protector solar, entre outras.



Nunca é demais reforçar os cuidados junto da população. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vigilância Sanitária nas Zonas Balneares

Todos nós gostamos de um dia bem passado na praia, mas para que isso não se torne um risco para a nossa Saúde as zonas balneares são alvo de um programa de vigilância Sanitária.
O Programa de Vigilância Sanitária em Zonas Balneares desenvolve -se, habitualmente, entre1 de Junho e 30 de Setembro.
• A sua coordenação, a nível regional, é da competência dos Departamentos de Saúde Pública das ARS, sendo a nível local da responsabilidade das Autoridades de Saúde;
• Inclui zonas balneares designadas à UE pela entidade competente, bem como zonas balneares não designadas à UE, mas consideradas relevantes do ponto de vista do risco para a saúde.


As acções de Vigilância Sanitária encontram-se integradas nas seguintes vertentes:
Tecnológica – Avaliação das áreas envolventes (sempre que as situações ambientais e/ou epidemiológicas o justificarem), caracterização das zonas Balneares e levantamento das fontes de poluição;

Analítica - Avaliação da qualidade da Água (a avaliação é realizada tendo como base a complementaridade do programa de verificação de conformidade); Avaliação dos Parâmetros Físico-químicos (aquando da colheita, procede-se a uma inspecção do local, avaliando e registando num suporte normalizado quaisquer situações relevantes verificadas no momento da colheita, bem como as características meteorológicas dominantes).



Parâmetros
Método
pH
Medidor de pH.
Cor
Observação visual – alteração da cor normal. Em caso de forte suspeição, deve ser confirmado laboratorialmente.
Óleos minerais
Observação visual e olfactiva – manchas visíveis à superfície da água e com cheiro. Em caso de forte suspeição, deve ser confirmado laboratorialmente.
Fenóis
Observação olfactiva – cheiro característico. Em caso de forte suspeição, deve ser confirmado laboratorialmente.
Transparência
Disco de Secchi *
Substâncias tensioactivas
Observação visual – presença de espumas persistentes com existência de descargas de águas residuais. Em caso de forte suspeição, deve ser confirmado laboratorialmente.
Resíduos sólidos flutuantes
Observação visual de resíduos urbanos e resíduos associados à descarga de efluentes.


Procedimentos de amostragem para análise microbiológica:
  •   A amostra deve ser recolhida a uma profundidade de 1 metro e a 30 cm abaixo da superfície da água;
  • O frasco deverá estar posicionado na vertical com o gargalo para baixo.
  • Ao retirar o frasco ter o cuidado de o fechar logo em seguida, não devendo ficar completamente cheio (mínimo 2 cm de ar);
  •  Identificar a amostra;
  • Em seguida fazer a medição da Temperatura e pH.
 Nas zonas sem areal a colheita é feita com frasco de mergulho, apartir de um pontão ou bote.

Material necessário para uma colheita




Colheita

Equipamentos necessários para a Vigilância Sanitária das

Águas Balneares:

Turbidimetro
O Turbidimetro serve para medir a turvação da água,  que é causada pela presença, lamas, areias, matéria orgânica e inorgânica, plâncton e outros organismos microscópicos.



Garrafa Van Dorn
É utilizada para a colheita de cianobactérias (  são responsáveis pela ocorrência de doenças agudas ou crónicas pela retenção de microoganismos ou da libertação das suas toxinas na água), e permite a recolha de água a diferentes profundidades.
Disco de Secchi*
O Disco de Secchi serve para medir a transparência da água, que ao ser mergulhado nos permite adquirir a que metros de  profundidade o disco se torna invisível. (profundidade de Secchi).

Medição do Oxigénio Dissolvido
É mais um equipamento, e não menos importante para analisar a qualidade das águas , tem como objectivo medir o oxigénio dissolvido, já que  é necessário te-lo em quantidades adequadas para uma boa qualidade da água.

O oxigénio é um elemento necessário para todas as formas de vida.
Os processos naturais de purificação da água requerem níveis adequados de oxigénio para a sobrevivência das formas aeróbicas de vida. 

 Epidemiológica - Permite verificar potenciais associações entre os dados analíticos obtidos e os dados de caracterização do estado de saúde da população frequentados das zonas balneares (com origem em bases de dados de morbilidade ou inquéritos epidemiológicos).

Interdição da prática Balnear:

O Delegado Regional de Saúde interdita o uso de zonas balneares quando, com base na informação disponível e nos dados analíticos existentes, verifica que a qualidade das águas coloca em risco a saúde dos utilizadores.

Legislação aplicável:
- Decreto-Lei n.º 135/2009, de 3 de Junho
 - Norma 009/2011 de 28/04

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Programa REVIVE

No âmbito do programa Revive- Rede de Vigilância de vectores, realizámos colheitas de Culicideos ( os conhecidos mosquitos) e ixodideos (as conhecidas carraças).
O trabalho  desempenhado pelos Técnicos de Saúde Ambiental  no âmbito do REVIVE, implica, recorrendo a técnicas específicas, efectuar a recolha de mosquitos adultos, de larvas e de carraças,  para serem objecto de identificação e de outros estudos, dando assim  o contributo para a identificação dos exemplares existentes nesta área geográfica.

Estando desta forma a contribuir para o geoprocessamento de informação útil à tomada, pela DGS, de medidas e acções de vigilância e controlo das doenças transmitidas aos seres humanos pelos insectos e pelas carraças.

 Captura de Mosquitos em fase Adulta:

A armadilha CDC light-trap e gelo seco (CO2) é o equipamento utilizado para a captura de mosquitos adultos.

Estas armadilhas atraem os insectos através de uma luz para o local em que são aspirados para o saco, são colocadas a 1,50 metros do solo e protegidas do vento.
A colocação do gelo seco será perto da armadilha, para que os insectos sejam atraidos para a mesma.
A armadilha é colocada ao final da tarde e retirada pela manhã.

Armadilha e gelo seco


A medição da temperatura e da humidade relativa também é um factor a registar uma vez que influência a actividade dos insectos.


Captura de larvas (mosquitos imaturos):

Com o auxilio de um camaroeiro apanham -se as larvas e colocam-se em água, colhida no mesmo local da captura.





Captura de Carraças:

As carraças são vectores em que as capturas se tornam mais perigosas que as dos mosquitos, uma vez que todos nós poderemos servir de hospedeiros.
Como protecção deverá utilizar-se roupas claras pois facilita a sua visualização, peferencialmente tapar a maior parte do corpo, colocar umas peugas/meias brancas por cima das calças e sapatos fechados, pois dificulta a invasão da carraça no corpo humano.


Procedimentos:

Neste processo é utilizado um pano branco, a chamada bandeira, em que possui um cordel que será puxado, facilitando o arrastamento da mesma pela vegetação.
São contados 5 passos e em seguida o pano é examinado com a ajuda de uma lupa.
Aquando a existência de alguma carraça esta é recolhida com uma pinça e colocada num pequeno tubo tapado,  com erva no seu interior para uma melhor sobrevivência da mesma.



Depois de feita a captura é bastante importante trocar de roupa e examinar toda a area corporal, com a finalidade de não desencadear riscos para a própria Saúde.

A pertinência destas colheitas relaciona-se com o facto de os mosquitos e as carraças representarem vectores de doenças, que uma vez infectados poderão constituir um grande problema de Saúde Pública.
Logo por este motivo se torna cada vez mais importante a realização deste controlo.
São experiências aliciantes apesar de algum desconforto para esta estagiária de Saúde Ambiental.




quinta-feira, 23 de junho de 2011

SIG/ GPS e Saúde Pública

A moderna tecnologia de análise de dados no contexto da sua localização vem sendo cada vez mais valorizada na gestão do sistema de Saúde, por abordar novos auxílios para o planeamento e a avaliação das acções, baseados na análise da distribuição espacial das doenças, da localização dos serviços e dos riscos ambientais, entre outros aspectos prioritários.


Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) surgem neste contexto como uma ferramenta importante no auxílio aos profissionais das áreas de Saúde Pública e Saúde Ambiental sendo utilizados para capturar, armazenar, manipular, analisar e apresentar informações geográficas.

Nos SIG’s a distribuição espacial está assegurada pela base de dados gráficos, visto que estes sistemas permitem a construção e/ou utilização de bases de dados onde se pode, determinar as associações entre as ocorrências de doenças e o meio ambiente.

A Unidade de Saúde Pública operacionalizou a marcação de coordenadas, com recurso ao GPS, com o objectivo de conhecer toda a região, como por exemplo: estabelecimentos de restauração e bebidas, indústrias, unidades de saúde, bem como potenciais pontos de abrigo, ou de situações que possam por em risco a Saúde Pública. Neste processo fica também registado fotograficamente para um melhor reconhecimento do local, bem como são recolhidas informações pertinentes, com interesse para a saúde pública, acerca de cada estabelecimento.


Toda a informação reunida é introduzida num programa, Google earth, que nos permite que a pesquisa seja feita  rapidamente e de acordo com as necessidades, para uma melhor intervenção caso necessária.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Doença dos Legionários

No período de 1999/2008, foram notificados 522 casos de doença dos Legionários, pneumonia grave causada por bactérias do género Legionella pneumophila, remetendo a alojamentos em unidades hoteleiras.
A Legionella associa-se a redes prediais de água, torres de arrefecimento e condensadores evaporativos com capacidade de formação de aerossóis.
No entanto existem outras instalações e equipamentos de igual foco de possível desenvolvimento e multiplicação desta bactéria, como:
- Fontes Decorativas;
- Jacuzzis;
- Equipamentos de terapia respiratória (nebulizadores, humidificadores de sistema de ventilação assistida);
- Instalações Termais;
- Sistemas de água contra incêndio;
- Humidificadores por pulverização ou nebulização de água líquida;
- Sistemas de rega por aspersão;
- Entre outros, que acumulem água e possam produzir aerossóis.
A infecção dá-se através da inalação de microgotículas de aerossóis contaminadas, e depende da concentração e virulência das estirpes envolvidas, pois várias estripes podem colonizar as estruturas dos serviços de água mas apenas a legionella pneumophilla, do serotipo 1, pode provocar a doença, em pessoas que estejam expostas á água.
Esta bactéria desenvolve-se e multiplica-se em temperaturas entre os 20 e os 45 graus, tendo como temperatura óptima de crescimento, dos 35 a 37 graus. A sua destruição ocorre a partir dos 70 graus.
Devemos considerar não só a temperatura, mas também a existência de nutrientes para a bactéria, bem como o pH da água, que são outros factores que influenciam a sua multiplicação e desenvolvimento.
É especialmente nos indivíduos imuno-deprimidos, nos adultos entre os 40 e os 70 anos, nos fumadores, indivíduos com problemas respiratórios crónicos, doentes renais, que esta bactéria se manifesta.
Existem duas formas diferentes de apresentar a legionelose no estado clínico:
·         Doença do Legionário- Infecção pulmonar que se determina por uma pneumonia de febres altas.
·         Febre de Pontiac- Forma não pneumónica que se exterioriza por um sindroma febril agudo e de prognóstico leve.
 

A possibilidade de contrair a doença é condicionada por diversos factores como se tem verificado, as redes de água dos empreendimentos turísticos são propícias de reunir condições favoráveis para o desenvolvimento de Legionella, nomeadamente as saídas dos chuveiros, torneiras, banhos, jacuzis, entre outros.
Logo as medidas preventivas vão no sentido de se evitar condições que favoreçam a colonização, a multiplicação e a dispersão das Legionelas, tais como referido nas linhas acima, a temperatura adequada para o seu crescimento, a estagnação de água e a acumulação de nutrientes. Ter em conta todos estes aspectos desde a concepção das instalações até à sua operação e manutenção.

Estes são alguns factores de risco para a legionela:
·  Inexistência de um programa de monitorização e controlo da qualidade da água;
·  Deficiente higienização das redes
·  Depósitos de água, termoacumuladores, troços da rede associados a juntas cegas;
·  Presença de materiais inadequados, permitindo o desenvolvimento do biofilme;
·  Temperatura da água quente sanitária inferior a 50ºC;
·  Temperatura da água fria sanitária superior a 20ºC;

Em seguida deixo aqui os procedimentos para uma colheita de água em chuveiro para pesquisa da Legionela:

1- Desinfectar as mãos;
2- Colocar o equipamento de protecção idividual;

3-  Introduzir a parte superior do chuveiro dentro de um saco de plástico esterilizado;
4-  Fazer um pequeno corte no canto do fundo do saco e colocá-lo de maneira a não derramar para fora do frasco de colheita.
5-  Destapar o frasco (1 litro) na proximidade da torneira, conservando a tampa virada para baixo.
6-  Encher até metade, o frasco, com a água inicial, mantendo-o inclinado e sem entrar em contacto com a torneira.
7- Fechar assim que terminar;
8- Realizar a colheita de biofilme com uma zaragatoa, retirando o chuveiro da bicha, e passando a zaragatoa na mesma;
9- Repetir a recolha de água, enchendo o resto do frasco, que através do processo da zaragatoa irá descolar algumas partículas trazidas pela água (não encher o frasco na totalidade deixando um vazio de 1 cm de altura).
10- Fechar o frasco.
11- Identificar o frasco
12- Colocar o frasco em mala de transporte ou saco, escuro e opaco.
13- O transporte é feito à temperatura ambiente e ao abrigo da luz solar.

Para finalizar devem ser determinados no ponto de colheita:
A temperatura e o valor de cloro residual livre.


Colocar saco esterelizado

Protecção Individual



Cortar a ponta do saco
Encher metade do frasco com água



Zaragatoa