No período de 1999/2008, foram notificados 522 casos de doença dos Legionários, pneumonia grave causada por bactérias do género Legionella pneumophila, remetendo a alojamentos em unidades hoteleiras.
A Legionella associa-se a redes prediais de água, torres de arrefecimento e condensadores evaporativos com capacidade de formação de aerossóis. No entanto existem outras instalações e equipamentos de igual foco de possível desenvolvimento e multiplicação desta bactéria, como:
- Fontes Decorativas;
- Jacuzzis;
- Equipamentos de terapia respiratória (nebulizadores, humidificadores de sistema de ventilação assistida);
- Instalações Termais;
- Sistemas de água contra incêndio;
- Humidificadores por pulverização ou nebulização de água líquida;
- Sistemas de rega por aspersão;
- Entre outros, que acumulem água e possam produzir aerossóis.
A infecção dá-se através da inalação de microgotículas de aerossóis contaminadas, e depende da concentração e virulência das estirpes envolvidas, pois várias estripes podem colonizar as estruturas dos serviços de água mas apenas a legionella pneumophilla, do serotipo 1, pode provocar a doença, em pessoas que estejam expostas á água.
Esta bactéria desenvolve-se e multiplica-se em temperaturas entre os 20 e os 45 graus, tendo como temperatura óptima de crescimento, dos 35 a 37 graus. A sua destruição ocorre a partir dos 70 graus.
Devemos considerar não só a temperatura, mas também a existência de nutrientes para a bactéria, bem como o pH da água, que são outros factores que influenciam a sua multiplicação e desenvolvimento.
É especialmente nos indivíduos imuno-deprimidos, nos adultos entre os 40 e os 70 anos, nos fumadores, indivíduos com problemas respiratórios crónicos, doentes renais, que esta bactéria se manifesta.
Existem duas formas diferentes de apresentar a legionelose no estado clínico:
· Doença do Legionário- Infecção pulmonar que se determina por uma pneumonia de febres altas.
· Febre de Pontiac- Forma não pneumónica que se exterioriza por um sindroma febril agudo e de prognóstico leve.
A possibilidade de contrair a doença é condicionada por diversos factores como se tem verificado, as redes de água dos empreendimentos turísticos são propícias de reunir condições favoráveis para o desenvolvimento de Legionella, nomeadamente as saídas dos chuveiros, torneiras, banhos, jacuzis, entre outros.
Logo as medidas preventivas vão no sentido de se evitar condições que favoreçam a colonização, a multiplicação e a dispersão das Legionelas, tais como referido nas linhas acima, a temperatura adequada para o seu crescimento, a estagnação de água e a acumulação de nutrientes. Ter em conta todos estes aspectos desde a concepção das instalações até à sua operação e manutenção.
Estes são alguns factores de risco para a legionela:
· Inexistência de um programa de monitorização e controlo da qualidade da água;
· Deficiente higienização das redes
· Depósitos de água, termoacumuladores, troços da rede associados a juntas cegas;
· Presença de materiais inadequados, permitindo o desenvolvimento do biofilme;
· Temperatura da água quente sanitária inferior a 50ºC;
· Temperatura da água fria sanitária superior a 20ºC;
Em seguida deixo aqui os procedimentos para uma colheita de água em chuveiro para pesquisa da Legionela:
1- Desinfectar as mãos;
2- Colocar o equipamento de protecção idividual;
3- Introduzir a parte superior do chuveiro dentro de um saco de plástico esterilizado;
4- Fazer um pequeno corte no canto do fundo do saco e colocá-lo de maneira a não derramar para fora do frasco de colheita.
5- Destapar o frasco (1 litro) na proximidade da torneira, conservando a tampa virada para baixo.
6- Encher até metade, o frasco, com a água inicial, mantendo-o inclinado e sem entrar em contacto com a torneira.
7- Fechar assim que terminar;
8- Realizar a colheita de biofilme com uma zaragatoa, retirando o chuveiro da bicha, e passando a zaragatoa na mesma;
9- Repetir a recolha de água, enchendo o resto do frasco, que através do processo da zaragatoa irá descolar algumas partículas trazidas pela água (não encher o frasco na totalidade deixando um vazio de 1 cm de altura).
10- Fechar o frasco.
11- Identificar o frasco
12- Colocar o frasco em mala de transporte ou saco, escuro e opaco.
13- O transporte é feito à temperatura ambiente e ao abrigo da luz solar.
Para finalizar devem ser determinados no ponto de colheita:
A temperatura e o valor de cloro residual livre.